"Um passinho para a Mudança"

Fotos: Catarine Barreto e Divulgação

Marca registrada da cultura brasileira, o funk carioca, ganha cada vez mais espaço no país e supera preconceitos. Uma prova disso é o Movimento do Passinho, uma dança que mistura passos de funk, frevo, hip hop, samba, break, entre outros, surgida no ano de 2001, nas comunidades do Rio de Janeiro. Mais tarde, a dança se tornaria viral nas redes sociais, ganhando visibilidade em todo o país. Campos não escapou da febre do passinho, que até virou projeto, “Um passinho para a mudança”, criado há um ano, inicialmente, para representar os jovens das comunidades.

O movimento do passinho, em Campos, começou no final do ano de 2010, quando meninos e meninas se reuniam para apresentações na Praça São Salvador, no Centro da cidade. Já a ideia do projeto, que hoje conta com 380 inscritos, surgiu em 2014 após um mal-entendido: “Estava saindo do trabalho quando vi esses jovens reunidos na Praça São Salvador, infelizmente, o movimento foi confundido com um ato de baderna e eles foram expulsos”, contou o coordenador e idealizador do projeto, Rodrigo Mineiro, de 34 anos.

“O sonho de estar ajudando o movimento a se expandir foi o que moveu o projeto. Já que as coisas só são bem vistas quando são mostradas de forma organizada. Foi expondo nas diferentes mídias que conseguimos trazer esse respeito e visibilidade ao movimento em Campos”, disse.

Rodrigo Mineiro relatou, ainda, as dificuldades do início, quando, ainda sem uma sede, os jovens ensaiavam na praça do Parque Alberto Sampaio. “Quando chovia, não dava para ensaiar, o chão não era propício à dança e nem tínhamos um som. Foi após uma conversa com algumas autoridades que conseguimos um espaço no Teatro de Bolso, mas, quando esse entrou em reforma, nos mudamos para a Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, que tem tudo a ver com o movimento das comunidades”, contou.

Transformando vidas e construindo um novo futuro

Um dos principais objetivos do projeto é o incentivo à educação, como destaca Rodrigo Mineiro. “Aqui temos jovens de 9 a 25 anos, e para os mais novos participarem do projeto é exigido que estejam matriculados em uma escola. Além disso, estamos sempre em contato com os pais e olhando os boletins escolares. Se houver algum problema, conversamos e damos uma restringida nos ensaios”, informou.

Os jovens participantes não poupam elogios. “Ele é uma alternativa melhor para muitos, que antes só ficavam na rua fazendo coisa errada. As pessoas passaram a entender que ele é um movimento cultural e não de vândalos ou criminosos. É muito bom ver o crescimento do projeto”, diz Jozino Carvalho, de 18 anos.

Lorena Almeida, de 13 anos, não pensa diferente. “O projeto muda a nossa vida, aqui é nossa segunda família, fazemos amigos, conhecemos novos lugares. Minha mãe me diz que quando volto dos ensaios sempre estou mais relaxada. O projeto me faz muito bem”, conta a menina.

Reconhecimento e projetos

O coordenador, Rodrigo Mineiro, enuma as diversas conquistas ao longo do tempo. “Acho que uma das maiores que já tivemos foi em 2014. Depois do episódio desagradável, quando eles foram expulsos da praça, mais tarde, eles tiveram a oportunidade de voltar ao mesmo lugar para uma apresentação no palco da tradicional festa de São Salvador. Além desse, também já nos apresentamos no festival de dança do Trianon, no encontro das tribos, na comunidade da Tira Gosto, com o projeto Viver Feliz e muitos outros”.

Projetos futuros ainda são idealizados pelos colaboradores do movimento. “Queremos montar oficinas com cursos para DJs e MCs, além de cursos de passinho, para quem quiser aprender”, informa Rodrigo. Ele destaca, ainda, que para participar dos encontros só precisa ser jovem, ter vontade e gostar do movimento.

Os encontros são realizados todas as quartas-feiras, de 15h às 19h, na Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, localizada na rua Comendador José Francisco Sanguedo, no Centro de Campos, e às sextas-feiras na praça São Salvador, a partir das 16h.

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