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Nação Goytacá resgata a cultura capoeirista em Campos

  • Kariny Maia
  • 1 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de abr. de 2020


Fotos: Divulgação

Reconhecida como patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, em 26 de novembro de 2014, pela UNESCO, a Roda de Capoeira envolve muito mais que a parte física. Propagada no Brasil por descendentes de escravos africanos, ela ganhou seu espaço em Campos dos Goytacazes, última cidade brasileira a abolir a escravatura. A fim de homenagear a cidade, Joel da Silva Gonçalves, conhecido como Mestre Juninho, fundou a Associação Nação Goytacá de Capoeira, que completou um ano no dia 31 de maio deste ano.

Além do Mestre, o grupo conta com professores e monitores, atuando no Instituto Federal Fluminense (IFF), na academia Nova Estação, na sede no Clube Rio Branco e em eventos dentro e fora do município. A Nação Goytacá aceita a todos, inclusive pessoas com deficiência física e deficientes visuais.

Com o número aproximado de 500 alunos, Mestre Juninho conta que a capoeira é um mundo de aprendizado e todos os dias se aprende no jogo. “Na verdade, a capoeira não é só a parte física, mas envolve instrumento, canto, perguntas e respostas. É uma coisa do povo mesmo, que tá no dia-a-dia. Nós, na capoeira, falamos “volta ao mundo” porque tudo que acontece numa roda de capoeira a gente tem como experiência para viver melhor do lado de fora”, explica.

Historicamente o jogo era praticado como manifestação contra os maus tratos e a escravidão sofrida pelos africanos trazidos ao Brasil. Os escravos treinavam a luta do sul de Angola nos terrenos de mato baixo, conhecido como capoeira. “Alguns falam assim: capoeira é uma dança ou é uma luta? É uma luta, ela era disfarçada de dança, tinha palma, tinha o ritmo, mas ali eles estavam treinando para fugir”, diz Luiz Claudio Paula, conhecido como Gaguinho, um dos professores da Nação.

“O negro era perseguido, espancado, maltratado uma coisa que começou pela ânsia de liberdade que ganhou o mundo inteiro”, completa Mestre Juninho.

Sobre os apelidos, o Mestre diz: “Todo capoeirista tem um apelido, faz parte da tradição e hoje tomamos cuidado nas escolas pela questão do bullying, mas isso faz parte da história da capoeira porque quando o capoeirista era procurado pelo nome ninguém sabia quem era”.

O surgimento dos apelidos ocorreu após a abolição da escravatura, quando os negros começaram a usar a capoeira como forma de violência, tornando-se capangas, mercenários e assassinos de aluguel devido à falta de emprego. Cada capoeirista possuía um apelido para, assim, escaparem dos mandados de prisão em seus nomes verdadeiros. Capoeira transformando vidas

Além de ensinar todos os aspectos envolvidos na capoeira, a Nação Goytacá participa do projeto Mais Educação, do governo estadual, na localidade de Rio Preto, em Morangaba, 9º distrito de Campos dos Goytacazes. “Eu, Mestre Juninho, levei a capoeira para Rio Preto. É gratificante porque eles têm vontade de aprender, eles chegam para perto. Muitos lá, pais de alunos, nem identidade tinham e, através do trabalho que fazemos, oportunizado pela capoeira, hoje possuem documentos e votam”.

Ele ainda explica:

“A capoeira é muito forte, é uma vida de felicidade em todos os sentidos, está no sangue. No Brasil não existe branco, todo mundo é mestiço. A capoeira é nossa, ela ganhou o mundo aqui, e falar do Brasil sem falar da capoeira é complicado”.

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