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Goitacá Informa entrevista: Kbide

  • Camilla Silva e Sávio Macedo
  • 2 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Três meninas mulheres, negras, com seus amores e suas dores. Amigas que se conheceram nas curvas da vida e se encontraram na história uma da outra. Daiane e Elisa (Nirvana), ambas de 21 anos, e Karolina, de 20 anos, formam o grupo Kbide. Os nossos locutores, Camilla Silva e Sávio Macedo, bateram um papo com as meninas no programa da rádio Educativa FM 107.5. Confira o que rolou:

Vocês podem se apresentar e contar um pouco da história de vocês?

Daiane: Eu criei a banda junto com a Nirvana, a gente se conheceu num projeto social da cidade e viramos amigas. Começamos a andar de skate juntas e ai rolou a ideia de fazer alguma coisa. Eu já escrevia, sempre gostei de música e a Nirvana gostava de fazer improviso e num desses “rolê” a gente participou de um evento que vem acontecendo na cidade e que é muito importante, o Rima Cabrunco, e foi daí que surgiu a Kbide.

Karolina: Eu sempre fui familiarizada com a música, apesar de não ter nenhum músico na família, é uma coisa que sempre esteve presente na minha vida e o rap é uma das minhas vertentes musicais favoritas. Eu acredito que foi muito importante pra minha formação como mulher, como ser humano. Entrei na Kbide meio caindo, uma vez fui ao Rima Cabrunco e acabei conhecendo a Daiane. Elas me apresentaram o projeto que na época era bem cru e juntas fomos aprimorando. Foi num Rima Cabrunco que aconteceu nossa primeira apresentação como Kbide

Nirvana: Gosto de rimar, sempre rimei com os amigos no Rima Cabrunco e foi aí que saiu, fazer rima, fazer música.

E como surgiu a ideia de montar o grupo e o nome do grupo?

Karolina: A ideia de montar o grupo foi exatamente porque a gente tinha uma aptidão muito grande. Todas nós somos autodidatas, ninguém aqui fez aula de canto ou de qualquer instrumento fomos aprendendo, estudando e se aprimorando sozinhas e incrivelmente, como essas coisas do destino, todas nós escrevíamos e então a gente resolveu se juntar e mostrar quem a gente é.

Daiane: A música é uma válvula de escape pra gente, de tudo o que vivemos, porque além de meninas, mulheres, negras, viemos de uma caminhada muito longa. É como se fosse gritar para o mundo o que a alma pede, sabe?

Karol: E o nome da Kbide, na verdade não foi uma ideia propriamente dita nossa. Na verdade nós éramos quatro, tinha a Bruna com a gente e ela sugeriu: “Que tal Kbide?” Porque meu nome é Karolina com K e o B seria de Bruna o I está ali de brincadeira (risos) o D de Daiane o E da Elisa (a Nirvana) e assim surgiu a Kbide, é tipo, pendurar as ideias.

Agora gostaríamos de saber quais as raízes, quais os grupos em que vocês se inspiram nessa vida musical?

Daiane: São várias influências musicais, temos um gosto diversificado. Eu gosto de rap, reggae, jazz, blues, samba de raiz, de tudo um pouco. A gente tem muito da Ellen Oléria somos maravilhadas por ela, gostamos de Criolo, do que tem de bom, música boa, que me transmite alguma coisa. Acredito que música passe uma mensagem, então quero a mensagem boa. A Kbide é isso, passar uma mensagem positiva, de que sim, nós sobrevivemos a abuso sexual, preconceitos.... Sobrevivemos a tudo e estamos sobrevivendo até agora. E eu costumo dizer que o tempo não para e meus sonhos não esperam, vocês vão ouvir falar muito ainda dessas meninas.

O rap continua tendo que enfrentar uma coisa que é o preconceito em ser tocado nas rádios, vocês acreditam que demora quanto tempo para vencer isso?

Karol: Na verdade o rap é muito antigo, nasceu no gueto, as primeiras rodas foram feitas no morro. Ele veio de fora, de muito tempo e se hoje em pleno século 21 temos que enfrentar esse tipo de coisa, acredito que a gente esteja num caminho muito longo pra que o rap seja socialmente aceito. Até dentro da nossa própria casa, minha mãe não considera rap uma música.

O próprio rap tem a bandeira de lutar contra o preconceito e muitas vezes é machista, vocês percebem isso nas rodas?

Daiane: Bastante. A gente tá ocupando um espaço que por direito é nosso, só que o rap é o baile dos cuecas. Daí a gente percebe isso quando há um evento na cidade, um desses Rima Cabrunco e são 16 participantes, entre eles, uma menina, e ela consegue ganhar, se eu não me engano, o rapaz que foi catorze vezes consecutivas vencedor. Ela tira ele da disputa e assim ela vai passando cada um, disputando e chega em terceiro lugar, uma calcinha consegue ganhar alguns cuecas, ganhar prêmio e ninguém falou dessa menina. Essa menina está aqui cantando com vocês agora. Ainda há muito a se caminhar nessa estrada e muita menina que quer fazer rap, mas se sente intimidada. Estaremos lá, cantando por essas meninas e por nós.

Nirvana: Eles vão aceitando aos pouquinhos, viemos pra ficar. (risos)

Para acompanhar o trabalho da banda, acesse a página do facebook e para contratar shows ligue para o número 998602450.

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