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  • Caio Soares e Rayra Gomes

Mosteiro de São Bento: Patrimônio histórico mais antigo de Campos

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Foto: Rayra Gomes        Igreja do Mosteiro de São Bento, em Mussurepe, na Baixada Campista.

O mosteiro de São Bento, localizado em Mussurepe, 5º distrito da Baixada Fluminense, é o patrimônio mais antigo da cidade de Campos dos Goytacazes. Existe há 378 anos, fazendo aniversario no dia 11 de julho. Apenas 20% dele foi restaurado depois de um incêndio que queimou parte do telhado. É um prédio com cinco quartos, banheiros, cozinha, sala de espera - onde as pessoas aguardavam para marcar batismo e casamento -, lavanderia, sala administrativa e outros cômodos que hoje estão desativados.

Em frente à construção, ainda existe o coreto no qual eram realizados festas e bingos. Em um dos corredores existe um pequeno armário com quatro prateleiras. Nelas, há pastas com arquivos de documentos do cemitério, que fica ao lado e faz parte do Mosteiro. Há também papéis de batismo e casamento. O teto está amarelado, por causa das goteiras excessivas. Há também uma sala que funcionava para reuniões. Nela, existe uma pedra, a única restante, com um símbolo SB, que marcava as terras doadas por famílias ricas ao mosteiro.

A sala está fechada e, quando é aberta, provoca alergia por causa do mofo. Alguns pedaços da parede do corredor estão caindo. A lavanderia, também desgastada pelo tempo, tem uma máquina de lavar e uma mesa de madeira antiga para passar as roupas do monge. Uma parte do chão é de ladrilhos e a outra é vermelho do tipo que precisa ser encerado. Já dentro da igreja, tudo é limpo e arrumado, porém a estrutura é ruim, com goteiras quando chove.

Enquanto a missa está acontecendo, um senhor chamado Gerson, de cor negra, baixo, com sua bicicleta parada no meio fio, fica sentado na marquise. Ele conversa e conta para quem passa as histórias antigas da região. Quando a reunião termina, algumas pessoas atravessam para falar com ele, querido por todos por ser ex-funcionário aposentado do cemitério. Hoje, ele ainda continua trabalhando ali, mas só quando há funeral, pois faz o serviço particular de coveiro, mesmo já sendo aposentado. Todos os dias, às sete horas da manhã, ele ajuda, conversa e conta histórias. O senhor Gerson é o computador do Mosteiro, ele conhece a todos.

Lá trabalham sete funcionários, todos de carteira assinada. Um dos funcionários é o filho do seu Gerson. Alessandro, de 38 anos, é formado em contabilidade. Há 13 anos, tornou-se auxiliar administrativo. Ele entrou para trabalhar no mosteiro como auxiliar de serviços gerais. Quando surgiu uma vaga para administração, foi convidado e, hoje, é responsável pela parte burocrática do mosteiro, tendo Dom Beda como o administrador geral.

Alessandro está cursando faculdade de administração à distância na Unopar. É o seu segundo emprego. Ele diz que não tem intenções de pedir demissão para trabalhar em outro lugar, já que a sua casa é na mesma rua, seu horário é flexível e gosta do que faz. Seu bisavô trabalhou no mesmo lugar, assim como seu pai. É uma história que vai passando de geração. "Só sairia do emprego se passasse em um concurso público", disse.

Outra funcionária é dona Alexandrina, conhecida como dona Xandinha, que trabalha há mais de 40 anos no mosteiro. Ela ainda cozinha, lava e passa para Dom Beda, também de carteira assinada, com direito plano de saúde e vale alimentação. Seu pagamento vem do Mosteiro de São Bento do Rio, onde todos são registrados. Anda todos os dias de bicicleta até chegar ao trabalho, sem medir esforços. Ama o que faz e fica triste por ver o mosteiro se acabando e não poder fazer nada. O que ela mais sente falta é dos filmes que eram passados em um espaço nos fundos do mosteiro.

- Era uma diversão para nós, pois vinham as pessoas de Baixa Grande, Cazumbá e daqui mesmo, de Mussurepe – contou.

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