Comunicação Sindical e Assessoria de Imprensa para Movimentos Sociais são discutidas no Uniflu
- Ana Carolina Freitas e João Paulo Azevedo
- 1 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de abr. de 2020

Aconteceu ontem (31) no auditório do Centro Universitário Fluminense (Uniflu) a terceira mesa de debate da 27ª edição da Semana da Imprensa Campista, tendo como tema a Comunicação Sindical e Assessoria de Imprensa para Movimentos Sociais. A mesa de debate foi composta pela assessora de comunicação do Sindicato dos Bancários, Júlia Maria Assis, o jornalista do Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF, Vitor Menezes e o jornalista Aldir Sales como moderador.
Entre os assuntos abordados no evento, o principal foi as semelhanças e diferenças entre o jornalismo tradicional e o jornalismo de assessoria, com a utilização das mesmas ferramentas. “Eles (os assessores) trabalham com a verdade, têm os mesmos compromissos éticos. É semelhante porque você também está contando essa história, a semelhança é basicamente essa, a história que você está contando, de como você está vendo, mas sabendo que você está de um lado”, afirmou a jornalista Júlia Maria.
Para o jornalista Vitor Menezes, com relação as diferenças e semelhanças das atividades jornalísticas em assessoria sindical e em redações, ele reafirmou ser necessário começar a pensar no jornalismo tradicional com relação às assessorias de imprensa e das assessorias de imprensa com relação a comunicação sindical, que são coisas absolutamente diferentes. "Não dá pra tratar a comunicação sindical como se fosse uma assessoria de comunicação qualquer, ela tem suas especificidades, tem a sua natureza, tem a sua linguagem própria, é muito diferente. Quando você trabalha com assessoria de imprensa, quase sempre você trabalha com a assessoria de imprensa organizacional, empresarial, voltada pro mercado comercial. Isso não é bem a mesma coisa que comunicação sindical, embora haja traços de semelhança. O semelhante é que o jornalismo tem compromisso fundamental com a verdade, com o rigor da apuração, não manipula, tem compromisso com o público, o cliente do jornalista não é quem paga o seu salário diretamente, o cliente é a sociedade. O cliente do jornalista não é o patrão, seja numa redação, seja numa assessoria. Na comunicação sindical também, a nossa verdade tem essa função social. No restante, as diferenças são muito grandes. Na comunicação sindical a gente enfrenta uma resistência construída historicamente e amplamente justificável do próprio movimento com relação a imprensa", explicou Vitor Menezes.
Os jornalistas explicaram a origem e dificuldades de se atuar na assessoria de um sindicato e explicaram que o sindicalismo é um movimento social de associação de trabalhadores assalariados em sindicatos visando à proteção dos seus interesses. Ao mesmo tempo, é também uma doutrina política segundo a qual os trabalhadores agrupados em sindicatos devem ter um papel ativo na condução da sociedade.
— Na comunicação sindical, com erros e acertos quase toda a demanda é produzir conteúdos pra falar para o público de dentro, porque você tem um tipo de comunicação que está pretendendo levar pessoas a um determinado tipo de ação. Você está querendo convencer um contingente de pessoas sobre determinadas teses, você quer que essas pessoas façam coisas difíceis, como por exemplo uma greve. A carreira jornalística inicia-se na academia e ao se tornar jornalista, o profissional não deixa de ser um agente político. O aluno de jornalismo não deve abrir mão dos seus deveres políticos. Quando você trabalha com notícia, você está militando — concluiu Vitor.
A assessora de comunicação do Sindicato dos Bancários, Júlia Maria, disse ainda que não é uma questão de guerra, é uma questão de luta, porque uma negociação de empregado e empregador é injusta, então tem que ter algo pra equilibrar. "Quando um sindicato luta pelo dissídio de uma categoria. Todos ganham. Ganham aqueles que foram pra luta, para o movimento, para as ruas e são tachados de malandros, baderneiros e ganham os que se esquivaram, se esconderam. Eles recebem os benefícios também, mas nem sempre apoiam o movimento", finalizou.
Haverá hoje (01), a última mesa de debate que terá como tema a assessoria segundo a imprensa - A visão das redações sobre o relacionamento com assessores, às 19h no Hall do Prédio Histórico do Centro Universitário Fluminense (Uniflu). Os convidados serão Fernanda Lisboa (Inter TV), Ruan Souza (Record TV Campos) e a moderação será por conta de Gustavo Araújo.