Romário dispara em pesquisa para o governo do Rio e pode quebrar marca histórica
- Fabrício Nascimento, Eduarda Lontra
- 23 de mai. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de abr. de 2020

Faltando pouco mais de 5 meses para as eleições de 2018, o cenário político do Rio de Janeiro começa a se formar e tomar corpo. Com um histórico e eleições imprevisíveis, pesquisas apontam que após quase 40 anos o governo do estado, vitrine do país, pode ter um governador que não pertença, ou até mesmo que nunca tenha pertencido ao PMDB ou PDT, que sempre tiveram grande força política no estado fluminense.
Segundo pesquisa divulgada no último dia 10 de maio pelo Jornal do Brasil, realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, o senador Romário (PODEMOS), lidera disparado a preferência do eleitorado fluminense. O ex-jogador e craque do tetra tem a preferência de 26,9% dos entrevistados. O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), foi o segundo mais citado pelos entrevistados, com 14,1%. O ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PRP), teve a terceira maior preferência dos entrevistados, com 11,6%. A pesquisa segue com Indio da Costa (PSD), com 8,8%, Miro Teixeira (REDE), com 6,2%, Celso Amorim (PT), com 3,6%, Juiz Wilson Witzel (PSC), com 3,2%, Tarcísio Mota (PSOL), 3,1% e o empresário Rubem César Fernandes (PPS), com 1,1%.
Historicamente, os postulantes do governo do estado do Rio que estavam nas duas primeiras colocações em pesquisas faltando cinco meses para as eleições, estiveram no segundo turno. A única exceção aconteceu em 2014, quando Anthony Garotinho, então no PR, liderava as pesquisas com até 20% de diferença para Luiz Fernando Pezão, mas sequer esteve no segundo turno. A disputa ficou com Pezão e Crivella, que teve o apoio de Garotinho.
Para o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, uma possível derrota de Anthony Garotinho demonstraria o fim da velha política no estado do Rio. "O Eduardo Paes é um cara que tem uma capacidade de trabalho incrível, e isso até os opositores afirmam. Além disso, é um cara que tem uma bagagem, mas ao mesmo tempo representa algo novo na política. Já o Romário é algo completamente difícil de prever. Mas acredito que o voto em Romário simbolizaria a necessidade urgente de alguém diferente, alguém que fuja dos grandes caciques da política fluminense. Caso o governo do estado fique com algum dos dois, acredito que a derrota de Anthony Garotinho seria a demonstração - simbólica, é claro – do fim da velha política de interesses no estado do Rio de Janeiro", analisou Calero.
Garotinho no entanto, pode desistir da disputa, caso não aumente os seus índices nas próximas pesquisas, é o que informou a jornalista Berenice Seara, em seu blog no site Extra. O 'plano B' de Anthony Garotinho seria disputar a eleição para a ALERJ, onde brigaria pela presidência da casa.

Fichas dos possíveis candidatos
O senador Romário tem números elevados nas pesquisas entre os favoritos, mas recentemente foi acusado de possuir imóveis em nome de terceiros para não pagar dívidas a Justiça.
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes será o candidato do DEM após deixar o MDB por causa dos escândalos de corrupção do ex-governador Sergio Cabral. Paes almeja a candidatura desde 2017, porém, para concorrer precisa de uma liminar na Justiça, já que está inelegível por 8 anos após ser condenado, em dezembro de 2017, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) por abuso de poder político econômico nas eleições de 2016, ao tentar eleger Pedro Paulo (MDB) para prefeito. Fora isso, o ex-prefeito também é investigado por caixa dois por supostamente ter recebido R$ 15 milhões da empreiteira Odebrecht para sua campanha nas eleições de 2012, em troca de beneficiar obras para a empresa.
Garotinho, agora filiado ao PRP, ele estava sem partido após ser extinto do PR, anunciou sua candidatura em março deste ano. Nome conhecido na política, Garotinho foi governador, Secretário de Segurança Pública do Rio e prefeito em sua cidade natal Campos dos Goytacazes, mas desde 2008 responde processos por formação de quadrilha. Em 2010 foi condenado em primeira instancia e em 2016 foi preso novamente por suspeita de compra de votos, ele também é suspeito de receber caixa dois pelos delatores do frigorífico JBS para promover sua campanha ao governo em 2002. Além disso, nas pesquisas ele é o candidato mais rejeitado.
Os desafios do candidato que ganhar a eleição no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro vive uma crise nunca vista nesses últimos anos. Desrespeito a autoridades e instituições, crise econômica e financeira, corrupção policial, política e administrativa de vários setores do governo estadual, dramática reversão da funcionalidade do sistema prisional, expansão nacional e transnacionalização do crime organizado, ocupação territorial de áreas urbanas por facções em confronto permanente, aumento estarrecedor das estatísticas de violência em suas diversas formas e assim por diante. A falta de dinheiro para o pagamento dos servidores públicos, sobretudo policiais, e para os necessários investimentos em segurança, levou o Rio a decretar estado de calamidade pública em 2016.
A situação piorou em 2017, com aumento do número de assassinatos e de crimes violentos. A taxa de homicídios no Rio foi de 29 a 32 por 100 mil habitantes em 2017, incluindo a morte de 134 policiais. O grande desafio daquele que vencer a eleição estadual, é colocar novamente o estado nos trilhos. Primeiramente, colocar as contas em ordem: o Rio é o estado que mais deve a União, com R$ 6,96 bilhões em empréstimos desde 2016. A seguir, regularizar a questão da segurança, pois guerras com traficantes vem tirando a vida de policiais e moradores. Só neste ano de 2018, 50 policiais foram mortos.
E aí sim, acabar com a corrupção, com o caos na saúde, regularizar totalmente o estado, para que uma frase de uma música de Gilberto Gil, feita no ano de 1961, possa ser cantado por moradores e turistas que vão ao estado, “O Rio de Janeiro continua lindo ...”