top of page
  • caiomothe

Daiane‌ ‌Gomes:‌ ‌“Sinto uma dificuldade em ser compreendida”‌

Jovem mulher, negra, lésbica, artista campista fala sobre sua inspiração, que vem da vida das minorias, e revela novos projetos.‌ ‌



A falta de investimento na cultura e invisibilização de grupos minoritários no cenário artístico de Campos dos Goytacazes afetam diretamente artistas negros e LGBTs, que lutam diariamente para obter reconhecimento. É o caso da Daiane Gomes. Cantora, poetisa, mulher, preta e lésbica, essa artista de 26 anos que compartilha sua experiência conosco através desta entrevista exclusiva.


Daiane, hoje em dia você vive da música, e aqui em Campos dos Goytacazes não vemos artistas musicais pretos em "ascensão" como artistas brancos. Diz para a gente quais são os maiores desafios que você enfrenta nesse meio artístico local, sendo mulher, preta e parte da comunidade LGBT?


Daiane: Carregando as minorias que carrego é difícil ser ouvida, ter visibilidade, por mais que meu trabalho seja bom. Sinto uma dificuldade em ser compreendida.



No seu EP de 2020, com seis músicas, percebi que as composições envolvem um misto de sentimentos, ouvi em cada música uma personagem protagonista, e você contava a história dessas personagens. São pessoas reais, o que você diz em suas composições é o que você passa e já passou ?


Daiane: Sim, o EP conta toda uma história vivida e cantada por mim. É parte da minha história de vida m seis fases e faixas, abrindo e fechando ciclos. Falo sobre mim, sobre minha mãe, meu pai, meus irmãos e sobre pessoas que passaram a minha vida.


Vendo seus stories no Instagram, consigo enxergar o seu amor pela música, tanto nas letra quanto no jeito de você se expressar quando está cantando. Ser cantora era uma sonho?


Daiane: Eu sempre amei cantar, mas no início não via como algo que se tornaria profissão. Mas, a cada dia, eu sinto que a música, a escrita e todas as artes que produzo falam inteiramente sobre minha pessoa mesmo que em fragmentos. No fundo, me inspiro bastante em minha trajetória de vida e tenho, sim, artistas pretos como referência. São nomes como Ellen Oléria, Rico Dalasam, Bia Ferreira...


E por fim, quais são seus projetos para o futuro?


Daiane: Faço parte de diversos projetos relacionados à arte, mas pretendo fazer mais experimentações sobre performances, pretendo também lançar mais alguns livros, inclusive livros infantis, lançar singles e álbuns. E quero também fazer meu livro engarrafado "Porres de amor" alcançar uma número maior de pessoas. O livro é um romance escrito e vivido por mim, dentro da ótica de uma mulher lésbica não monogâmica. São treze páginas com numeração dentro de uma garrafa. A ideia é que cada página seja um gole, e cada gole, um porre.


Repórter: Caio Mothé

Pauta: Naíza Pedro



49 visualizações
bottom of page