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  • Foto do escritorLyandra Alves

Pandemia, isolamento e estudo: o clima entre universitários em Campos

Atualizado: 20 de jun. de 2020

Com novas rotinas e vencendo dia a dia o desafio da adaptação ás novas tecnologias, quatro alunos conversaram com o Goitacá Informa sobre o cenário, suas dificuldades pessoais e expectativas



Tendo em vista o atual cenário mundial no qual nos encontramos, causado pelo Covid-19, temos vivido alguns transtornos, não somente na área da saúde pública e econômica, mas também na educação. A OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o surto de Coronavírus como uma pandemia e o Ministério da Saúde, seguindo as recomendações da OMS, orientou que a população aderisse ao isolamento social. Por sua vez, o atual governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decretou estado de emergência em decorrência da expansão do contágio e descontinuou qualquer atividade que gerasse aglomerações. Sendo assim, as aulas presenciais nas unidades de ensino superior, também seguindo as orientações do MEC (Ministério de Educação), foram suspensas.


Com a impossibilidade de aulas presenciais serem ministradas, universidades públicas suspenderam o calendário e instituições privadas de ensino superior de Campos têm migrado temporariamente suas aulas para o âmbito virtual. Para sabermos como tem ocorrido essa mudança, entrevistamos alunos de quatro instituições diferentes para saber como elas têm se adaptado a este período incomum e como tem sido as experiências deles: Isadora Enne (6º Período de Medicina), Laura Lopes (5º Período de Jornalismo), Leandro Soares (8º Período de Engenharia Mecânica) e Wayner Rios (5º Período de Direito). No geral, o que se percebe é uma divisão de opiniões sobre a eficiência do método de ensino remoto e uma posição unânime sobre a necessidade de mais diálogo, transparência nas ações, principalmente as relacionadas às mensalidades.

Como as aulas estão sendo ministradas nas instituições que vocês estudam nesse período de isolamento social?


Isadora: EAD, elas são gravadas e ficam disponibilizadas e nos horários das aulas tem plantão de dúvidas ao vivo.

Laura: Com sistema de aulas remotas pela internet, enviando trabalhos e afrouxando os prazos para atender a todo mundo, mas não acho que está sendo o suficiente pois tem muita gente perdida e com dificuldades de aprender a distância.

Leandro: Estão sendo ministradas através do Google Meet, nos horários correspondentes às aulas presenciais, e as aulas estão sendo gravadas também para os alunos terem acesso depois.

Wayner: As aulas estão sendo realizadas de forma on-line, por meio de uma plataforma específica. Elas acontecem no mesmo horário das aulas presenciais, como se fossem "ao vivo". É possível a interação com o professor e os demais colegas por meio de chat e áudio. Também é possível utilizar a câmera. 24h após a aula, esta é disponibilizada no sistema para que os alunos possam revê-la


Vocês estão satisfeitos com as aulas? Como tem sido essa experiência para vocês?


Isadora: Sim!! Elas são ótimas, cada um consegue estudar no seu tempo e na melhor forma. E as plataformas são ótimas e não travam. Todos os estudantes têm gostado muito.

Laura: Eu entendo que é tudo questão de adaptação, que os professores estão buscando se atualizar e tudo mais, porém pra mim não tá funcionando. Tenho muita dificuldade em concentração e nas aulas presenciais era mais fácil de acompanhar, em casa fica muito mais difícil, sem contar que tem aula que se torna muito cansativa com o professor apenas falando durante horas.

Leandro: Satisfeito eu não estou, mas vejo que é o melhor meio para não se perder o semestre. A experiência tem sido diferente, tendo visto que nunca tinha passado por uma situação como essa, mas os professores estão se empenhando para a experiência ser a melhor possível.

Wayner: Sim. Eu já tive uma experiência com EAD, em 2017 e 2018, quando estudava para concursos. Portanto, isso não é algo novo para mim. Estou conseguindo ter um bom rendimento.


Como tem sido o diálogo entre a universidade e o aluno e de que forma ocorre essa comunicação? Vocês tem tido fácil acesso a instituição?


Isadora: Normalmente os alunos são representados pelo diretório da faculdade, que tentou uma forma que atendesse as necessidades de todo mundo. Foi discutido muito isso com os alunos antes da implementação do EAD, sendo feito votação entre os alunos, avaliando as portarias do MEC e etc. Por agora estamos tendo melhor acesso com a instituição e ela tem acatado mais as novas reivindicações.

Laura: Com os professores é fácil dialogar mas com a instituição não tem muito retorno, os alunos tentam entrar em contato, mas ou são ignorados ou são mal atendidos. Sempre dão as mesmas respostas prontas.

Leandro: O diálogo tem sido complexo, pois determinados assuntos como questão de como vai ficar a mensalidade, é mais difícil de dialogar com a direção/tesouraria que pode ser feita via portal ou Whatsapp. Já pra falar com coordenador ou professor, já fica mais fácil pois estão sempre a disposição via Whatsapp ou e-mail.

Wayner: O único diálogo que eu tenho tido com a universidade é durante as aulas, por meio dos professores. Quanto a isso, não tenho do que reclamar.


Qual tem sido o posicionamento dos alunos em relação a cobrança da mensalidade? A instituição procurou dialogar a respeito do tema? Se sim, como e qual foi a posição adotada?


Isadora: Então, a gente ficou bem revoltado por eles não baixarem o valor da mensalidade de primeira. E na real quem procurou mais falar sobre isso foi o diretório né. Mas no final, abaixou 6% da mensalidade, mudaram a data do pagamento do boleto, estendendo por mais dias.

Laura: A universidade não deu nenhum retorno claro, continua a mesma situação. Muitos alunos tentando entrar em contato para ver a situação, se vai ter desconto, de como vai ser quando as aulas voltarem, e infelizmente tem muito aluno escolhendo trancar a faculdade por enquanto devido a isso.

Leandro: Nós alunos estamos ainda tentando buscar um contato mais amplo com o setor específico desse assunto, tendo em vista que os coordenadores estão “blindando” a instituição com a fala que os alunos não serão prejudicados com essa ferramenta online. Já por sua vez a instituição soltou uma nota, com novo calendário, atividades, porém nada sobre o assunto mensalidade. Pedem que se o aluno estiver passando por alguma dificuldade financeira, entrar em contato com a instituição individualmente.

Wayner: Todos os aluno que tenho contato mais próximo são a favor da redução da mensalidade. A universidade não se colocou à disposição para debater esse assunto. Apenas afirmou, no início da quarentena, que a mensalidade não seria reduzida. Alegaram que "os alunos estão tendo menos gastos, tendo em vista que não estão precisando gastar com lanche ou transporte para ir até a faculdade".


No geral, vocês acham que as instituições onde estudam tem faltado em algum aspecto?


Isadora: Por agora não.

Laura: Eu acredito que esse é o problema principal, a falta de diálogo direto com os alunos sobre como vai ficar a situação das aulas e da mensalidade. Não dá pra ficar ignorando ou fingindo que nada está acontecendo.

Leandro: Acho que está faltando na questão de empatia, tendo em vista que a situação financeira de várias pessoas se comprometeu por conta do atual momento. Falta transparência para buscar um melhor cenário para todos, tendo em vista que a faculdade está vazia e não está tendo gastos que normalmente tem como luz, água e manutenção. Querendo ou não, o serviço que a faculdade nos oferece, não está sendo o mesmo, sendo assim, não tem sentido o valor da mensalidade continuar o mesmo.

Wayner: Sim, com relação a não discutir uma redução na mensalidade.


Nota:


O Goitacá Informa omitiu os nomes das instituições de ensino às quais os entrevistados estão vinculados por causa da dificuldade de acesso para obtenção de notas de esclarecimento ou para entrevista com os responsáveis. Desse modo, o site optou por expor o ponto de vista dos estudantes, sem prejuízo de terceiros.


A suspensão das aulas presenciais, a adoção do “presencial conectado” ou das “aulas remotas”, como o modelo é chamado pelos órgãos oficiais, assim como o reconhecimento da carga horária e dias letivos das atividades ministradas pelas instituições de ensino superior, têm seguido as orientações do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação. Para diminuir o risco de contágio, as aulas presenciais em todo o país ficam suspensas até final de julho. Leia aqui o despacho mais recente do MEC: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=01/06/2020&jornal=515&pagina=32

O Ministério também disponibiliza em seu site uma lista de ações tomadas nesse período de pandemia. Clique aqui: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=86791


Sobre as mensalidades, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou no dia 26 de maio e o governador Wilson Witzel sancionou no dia 4 de junho, portanto, após esta entrevista, o projeto de lei que determina a redução de 30% no valor de mensalidades acima de R$ 350, entre outras providências.. Leia mais sobre a medida, válida para todos os segmentos, da pré-escola até a pós-graduação, clicando aqui: http://www.alerj.rj.gov.br/Visualizar/Noticia/48831


Repórter: Lyandra Alves

Pauta: Pedro Camargo

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