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Uma nova forma de lidar com o ciclo

  • Priscila Castro
  • 13 de jan. de 2016
  • 5 min de leitura

Atualizado: 6 de abr. de 2020


Em Campos, jovens começam a aderir o uso do coletor menstrual. Você já experimentou?

Foto: Divulgação

Você conhece o inciclo? Ele é um “copinho” anatômico de silicone, que, como o absorvente interno, é colocado dentro do canal vaginal e coleta o fluxo menstrual. Diferentemente dos absorventes descartáveis que absorvem o sangue, o coletor armazena-o em seu interior.

O Goitacá Informa fez um levantamento, através das redes sociais, sobre esse objeto que movimenta discussões entre internautas. Entrevistamos cerca de dez universitárias e todas se dizem satisfeitas com os resultados obtidos ao trocar os absorventes higiênicos pelo coletor. O objeto é reutilizável, econômico e auxilia na diminuição da produção de lixo.

Ecologia

Considerando que uma mulher, durante o ciclo, utilize cerca de três absorventes por dia, em cinco ela gastaria uma média de 15 absorventes. Ao longo da vida fértil, aproximadamente 35 anos, serão mais ou menos 6.300 absorventes, sendo que cada um deles leva por volta de cem anos para se decompor.

A estudante Joana Almeida Borges, de 25 anos, defende, entre outras coisas, a sustentabilidade do uso.

"Pode parecer estranho no início, mas depois que começamos a usar, percebemos o quanto o coletor faz diferença na nossa vida. Dois motivos me fizeram usar o coletor: a ideia de produzir menos lixo e por ser uma opção aos absorventes externos, que me causavam muita alergia e incômodo, e aos absorventes internos, que podem causar a síndrome do chique tóxico. Confesso que achei um pouco estranho no início e isso me deixou um pouco tensa. Mas a medida que fui usando, fui ganhando confiança e agora me sinto bem à vontade, já que nem percebo que estou usando o coletor. Além de produzir menos lixo, o coletor menstrual não causa incômodos e alergia, não provoca mau cheiro entre as trocas, é mais higiênico e dá liberdade a mulher de conhecer o seu próprio corpo", declara.

Humanização A publicitária Gabriela Meira Souza, 21 anos, relatou como o uso do “copinho” modificou a forma de lidar com o fluxo.

“Acho o coletor fantástico! Ele une praticidade, sustentabilidade e liberdade. Não me preocupo se a menstruação vai vazar, sujar a roupa, posso entrar na piscina, ir à praia, etc, além de ter conforto, já que absorventes externos e internos acabam irritando a pele. Não foi tão difícil me adaptar, achei um pouco desconfortável no primeiro ciclo. Depois, não mais. Conheci o produto pela internet, quando morava na França, em 2012. Indico para todas as mulheres”, relatou a moça.

Mariana Pinheiro, 18 anos, conta que uma das dificuldades em fazer uso dos absorventes descartáveis se dava no momento da troca.

“Não preciso mais olhar para aquele absorvente sujo, que exalava odor forte todas as vezes que eu ia ao banheiro. Até pensava que as pessoas estavam do lado de fora sentindo e fazendo caretas”, brinca.

O coletor já é considerado objeto de liberdade e ‘empoderamento’ para as mulheres porque as permite ir à piscina, praticar exercícios e usar qualquer roupa.

Para a vendedora Celline Ferreira de Souza, 21 anos, o coletor é um objeto revolucionário na vida da mulher.

“Eu achei o coletor libertador! Ele traz conforto, economia, segurança e higiene. No primeiro dia, nem me lembrava de estar menstruada, foi para mim o dia mais feliz de todos os meus ciclos. Eu procurei bem todas as informações sobre o fabricante, com detalhes, porque tinha medo de comprar um produto com material tóxico. Eu recomendo porque vale a pena mudar a rotina de ciclos chatos, estressantes e cheios de incômodos por ciclos libertadores sem alergias e mau cheiro", desabafa.

A ginecologista e professora da Faculdade de Medicina de Campos (FMC), Clícia Márcia Crespo, afirmou que muitas de suas pacientes possuem alergia aos absorventes descartáveis e que o coletor é uma “alternativa válida”. Clícia também falou sobre o método ser mais higiênico e prevenir incidência de infecções.

História

Segundo o “The Museum of Menstruation and Women’s Health” (Museu da Menstruação e Saúde da Mulher), o coletor menstrual é produzido industrialmente desde a década de 1930 e há registros de coletores rudimentares circulando desde 1867.

O produto é novo no Brasil, por isso ainda não é comercializado em farmácias convencionais, mas por meio de encomendas através de sites de compras online, como, por exemplo, o www.inciclo.com.br/loja . O coletor custa em média R$ 80.

Conheça os depoimentos de quem usa e curte:

Foto: Acervo Pessoal

“Achei prático e, se usado de acordo com as recomendações, mais higiênico que absorvente. Tenho alergia ao absorvente comum, quando usado por muitos dias. Por isso recorri a ele. No primeiro dia me incomodou um pouco. Até porque não havia cortado o excedente da haste no tamanho ideal. Mas depois ficou tudo ótimo. Eu não conhecia o coletor, uma amiga conheceu através de amigas e me indicou. Convenceu-me do quão bom era e eu quis experimentar. Indico com certeza, porque nos deixa livres do absorvente, da preocupação 'se está vazando'. É confortável e higiênico. É sustentável, não gerando lixo, fora a economia, né?”

- Carla Feitosa, 26 anos, cursa Medicina e Veterinária na Uenf

Foto: Acervo Pessoal

“Optei pelo coletor principalmente por conta dos benefícios ambientais e pelo fato de que ele não provoca alergias, como os absorventes de algodão. Minha experiência foi bem simples, não tive problemas em colocar o coletor, funcionou perfeitamente e não houve vazamento. É tão imperceptível que cheguei a esquecer de que o coletor estava dentro de mim no primeiro ciclo. Tomei conhecimento do coletor pela internet e por amigas que já o utilizavam. Indico, pelo conhecimento acerca do próprio corpo que ele proporciona, pelo impacto ambiental, pelos benefícios à saúde”.

- Rita Tanzi, 19 anos, cursa Psicologia na UFF

Foto: Acervo Pessoal

“O coletor permite que a mulher se conheça melhor, entenda melhor seu fluxo, percebendo que não é nada nojento ver seu sangue num copinho! Nojento é absorvente! (Risos) Uma amiga minha me contou como se fosse a última maravilha do universo e eu acreditei! Quando comprei o meu, não achei tudo isso. Incomodou um pouco, mas depois que cortei a pontinha o incomodo parou. Eu não parei completamente de usar o absorvente tradicional, faço uso à noite e às vezes na rua. Não é muito simples fazer a lavagem do copinho num banheiro de faculdade, por exemplo. Então, ainda sou amiga do tradicional absorvente descartável. que fica guardado na bolsa”.

- Carolina Cidade, 26 anos, cursa Geografia na UFF

Foto: Acervo Pessoal

“Procurei o coletor primeiro por curiosidade e depois por nunca ter me adaptado a nenhum absorvente. O primeiro dia de uso foi bem estranho. Fiquei achando que estava mal encaixado e iria vazar a qualquer momento. Correr, nem pensar! (risos) Fiquei morrendo de medo! Fui ao banheiro várias vezes só para garantir que estava tudo ok. No fim do dia, eu vi que havia ocorrido tudo bem. Outro fator muito importante é a diminuição de produção de lixo e do gasto financeiro. Sendo mulher que vive numa sociedade sobre bases patriarcais, ter autonomia, liberdade e consciência são ferramentas para o ‘empoderamento’ e avanço nas conquistas por mais direitos até a transformação dessa sociedade".

- Bruna Gabriela, 24 anos, cursa Assistência Social na UFF

Foto: Acervo Pessoal

"Ficar menstruada era um período terrível para mim, sempre achei meu fluxo muito intenso. Já uso o coletor há três ciclos e com ele descobri que meu fluxo não era o dilúvio que imaginava, minhas cólicas diminuíram. Acho que o stress que eu passava com os absorventes descartáveis influenciava em todo o resto”.

- Priscilla Isadora, 26 anos, formada em Ciências Sociais pela Uenf

No vídeo abaixo, saiba como funciona o objeto:

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