Pandemia fez subir os números de sintomas psiquiátricos

A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na saúde mental das pessoas em todo o mundo. Um estudo realizado pelo Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) em São Paulo, mostrou um aumento nos sintomas psiquiátricos durante as fases iniciais da pandemia.

Embora o isolamento social decretado em março de 2020 tenha sido eficaz no combate à propagação do coronavírus, por outro lado, acabou piorando o estado da saúde mental em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, a incidência global de depressão e ansiedade aumentou em 25%. Porém, no fim do mesmo ano, houve uma queda significativa nos sintomas, enquanto os transtornos mentais, como a depressão, continuaram a afetar 30% da população.

No entanto, é importante enfatizar a diferença entre sintomas e transtornos psiquiátricos. O pesquisador Pedro Starzysnki Bacchi explicou para o jornal da Universidade de São Paulo (USP) que é normal experimentar ansiedade, medo e insônia em momentos específicos da vida, mas isso não significa necessariamente uma doença mental. A pandemia causou significativos danos psicológicos nas pessoas devido ao medo do desconhecido, isolamento e perda de entes queridos, mas nem todos que experimentam esses sintomas desenvolvem um transtorno.

A pandemia levou a um aumento na demanda por cuidados de saúde mental, com muitas pessoas buscando ajuda para seus sintomas. A psicóloga Ivana Andrade afirma que observou um grande aumento na procura pelos seus serviços durante e após o período de isolamento social. "Acredito que a pandemia também contribuiu para a desmistificação de cuidados psicológicos, com as pessoas percebendo a importância de buscar ajuda para sua saúde mental", afirma. A psiquiatra Ligia Alexandre também notou um crescimento nas buscas pelos cuidados psiquiátricos e constatou uma piora na condição de alguns de seus pacientes antigos, como ela relata: "Tenho visto pacientes que estavam bem controlados antes da pandemia, agora apresentando sintomas mais graves e necessitando de ajustes em seus tratamentos".

A pandemia obrigou muitos serviços de saúde mental a se ajustarem ao formato online, mas nem todos os pacientes se adaptaram bem a essa mudança. Para Rosane Duarte, que procurou ajuda psicológica pela primeira vez durante a pandemia, foi um processo difícil. Naquele momento, era possível apenas consultas on-line e ela tinha preferência de atendimento presencial. "Nesse período foi um dos tempos em que mais precisei", explica. A estudante chegou a ter atendimentos no formato virtual, mas não se adaptou e procurou alguém que estivesse trabalhando presencialmente.

Por outro lado, Laura Maria teve sessões de terapia presenciais desde o início da pandemia. "Se tivesse consultas on-line, pararia o tratamento no meio do caminho", afirma. A jovem disse que decidiu buscar ajuda para melhorar sua qualidade de vida, especialmente por estar começando a trabalhar em ambiente hospitalar durante esse período conturbado.

Apesar dos desafios enfrentados durante a pandemia, é importante ressaltar a importância de buscar ajuda profissional para cuidar da saúde mental. A pandemia trouxe à tona a necessidade de se cuidar e desmistificou o estigma associado aos cuidados psicológicos. É essencial que as pessoas continuem a buscar ajuda e cuidados, mesmo após a pandemia, para garantir uma boa saúde mental a longo prazo.