Tropicalismo: Um movimento que marcou a história
- goitacainforma
- 9 de mai. de 2023
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O movimento tropicalista surgiu no Brasil em 1968 e 1969, durante um período em que a
música brasileira estava dividida entre a bossa nova e a Jovem Guarda. Enquanto a bossa nova misturava samba e jazz e era liderada por artistas como Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Elis Regina e Maysa, a Jovem Guarda trazia influências do rock britânico, com artistas como Erasmo Carlos, Wanderléa e Roberto Carlos. O tropicalismo, então, foi criado por artistas que não se encaixavam em nenhum desses estilos e que buscavam valorizar a música nacional, indo além da bossa nova e evitando a reprodução do som "gringo" da Jovem Guarda.
A palavra "tropicália" foi inspirada em uma obra de Hélio Oiticica exibida em 1967 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O tropicalismo não se limitava à música, mas se tornou um conceito artístico e estético que influenciou diversas áreas, como moda, cinema, poesia e artes plásticas, em plena era da ditadura militar no Brasil. O movimento abordava questões políticas e refletia a realidade nacional, buscando sensibilizar uma geração em relação à valorização da cultura nacional, sem se omitir diante dos fatos obscuros que marcavam a época. Os princípios do movimento eram desenvolvimento, igualdade e liberdade para a nação brasileira.
O álbum "Tropicália ou Panis et Circencis" foi lançado em julho de 1968, contando com a
colaboração de artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. Suas músicas alegres e cheias de referências e metáforas profundas eram uma crítica à ditadura militar. O movimento teve um grande impacto na sociedade brasileira da época, inclusive na televisão, com a contratação de Caetano Veloso e Gilberto Gil pela Record. Em 1968, a dupla conseguiu um contrato com a Tupi para o programa "Divino Maravilhoso", que apresentaria a trupe inteira do movimento, mas o programa esteve no ar por apenas três meses e todas as gravações foram destruídas após o encerramento.
O fim do tropicalismo foi marcado por um ato radical de Caetano Veloso durante a
apresentação da canção "Boas Festas" de Assis Valente no programa Divino Maravilhoso, em dezembro de 1968. Com um revólver apontado para a própria cabeça e em alguns momentos para o público, Caetano chocou a todos e simbolizou o velório do movimento artístico que ele ajudou a criar. Quatro dias depois, Caetano e Gilberto Gil foram presos e acusados de desrespeitar o hino nacional e a bandeira brasileira. Após serem libertados em fevereiro de 1969, os músicos foram proibidos de dar declarações públicas e, em julho do mesmo ano, partiram para o exílio na Inglaterra. Mesmo com a prisão da dupla, o programa Divino Maravilhoso continuou no ar sob o comando de Tom Zé, e a notícia sobre o afastamento dos tropicalistas foi disfarçada como férias e prescrição médica.
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