Entre tapas e beijos
- Leandro Neves
- 1 de mai. de 2016
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de abr. de 2020

O futebol brasileiro está carente de jogadores fiéis à camisa de seus clubes. É difícil encontrar profissionais que permaneçam jogando em seus respectivos times por mais de sete anos. Podemos citar alguns, como Rogério Ceni (São Paulo), Marcos (Palmeiras) Amaral (Goiás), Léo Moura (Flamengo), Índio (Internacional), Fábio (Cruzeiro), Júlio César (Corinthians), Harlei (Goiás), Marcelo Grohe (Grêmio) e o Fred (Fluminense). Alguns desses jogadores já deixaram suas equipes, outros já se aposentaram, ou permanecem defendendo as mesmas cores. ''Entre tapas e beijos'', mas continuam, como é o caso de Frederico Guedes, mais conhecido como Fred.
Insatisfeito no Lyon, Fred resolveu sair antes mesmo do término de seu contrato, que teria fim em maio de 2009. Em março daquele ano, ele trocou a França pelo Brasil. Certamente já pensava em mostrar o seu futebol num clube do país para ser lembrado na convocação da Copa do Mundo de 2010. Não foi para o América Mineiro, onde iniciou sua carreira, nem para o Cruzeiro, de onde desencantou para o mundo, mas para o Fluminense, onde jamais havia jogado. Ali nascia uma história.
Com experiência na Europa e na Seleção Brasileira, Fred chegou como um reforço de peso ao tricolor carioca e, logo em sua estreia, marcou dois gols na vitória sobre o Macaé, pelo campeonato carioca de 2009, deixando a torcida em êxtase. O tempo passou e Fred se tornou um ícone do Fluminense. Em sete anos no clube, o jogador venceu dois campeonatos brasileiros, um Campeonato Carioca, uma Taça Guanabara e um Troféu Luiz Penido, além de se tornar artilheiro em cada uma das competições citadas.
O amor estava no ar, a relação entre Fred e Fluminense, que sempre foi repleta de compreensão e paz, parecia ter mudado com a saída do técnico Eduardo Baptista e a entrada de Levir Culpi. Não exatamente pela chegada do profissional, mas pelas seguidas substituições feitas por ele durante o intervalo dos jogos no Campeonato Carioca, com a gota d'água na partida contra o Madureira, dia 8 de abril. A imprensa afirmou que Fred se irritou e ameaçou sair do Fluminense, chegando a dizer: ''Com o Levir Culpi eu não jogo mais''. Teria bastado isso para que potências do futebol Brasileiro caíssem sobre o atacante com ofertas e mais ofertas. Será que os sete anos de história no Fluminense seriam deixados de lado por uma discussão interna? Não.
O presidente do clube, Peter Siemsen, entrou em cena e resolveu não abrir mão do técnico, que havia sido comprado há pouco mais de um mês. Por outro lado, destacou a importância de Fred no elenco e descartou o seu pensamento e intenção referente ao atacante: ''As coisas são resolvidas com os dias, com o passar do tempo, que não pode ser muito, porque estamos jogando e é um atleta importante. Não pode se eternizar. Mas acredito no bom senso de todos e que a gente encontre um caminho. No momento não pensamos no plano B, apenas no A, a permanência dele", disse em entrevista ao Globo Esporte no dia 12 último. E assim foi!
A razão de Fred falou mais alto do que a situação, que nem sempre é boa conselheira, como mostram os diversos casos de jogadores que, por diversos outros motivos, não esperam amadurecer e frutificar a relação com os times que neles apostaram.