O poder da atitude

As mulheres devem denunciar tentativas de estupro e o estupro em si. Não se deve ter medo e achar que irá virar apenas mais uma na estatística, pois a polícia trabalha em cima dos números para aumentar o policiamento e, se a vítima não denuncia, outra pessoa pode acabar sofrendo o abuso. De acordo com a Delegacia da Mulher (Deam), no mês de março de 2016, em Campos, houve apenas dois estupros e nenhuma tentativa registrada.

Vemos várias declarações nas redes sociais de mulheres que sofreram estupro e tentativas de estupro, mas não há registros correspondentes na delegacia. Foi o caso de uma menina que postou em sua timeline que foi seguida por um homem de carro que, ao vê-la correr, gritou: “Não precisa correr, só quero te conhecer.” O post teve muitos compartilhamentos, mas como denominar um caso desses como uma tentativa de estupro? Afirmar é um problema, porque ele poderia tê-la abordado por vários motivos. Alertar as pessoas pela rede social só vai apavorar ainda mais.

No meado do mês de abril, houve, também na cidade, um caso de um homem espancado após duas meninas gritarem que ele seria um estuprador. Isso porque, segundo a Polícia Militar, ele apenas estava na frente de uma escola esperando uma sobrinha. O homem acabou inocentado, mas as pessoas, já desesperadas e de sobreaviso com tanta violência, reagiram num ato impensado que colou a vida daquele homem em risco.

Nisso se pode ver o poder que essas declarações tomaram. Muitas dos depoimentos nas redes sociais podem ser exagerados ou até inventadas. A própria Delegacia da Mulher afirma que muitas dessas tentativas de estupro se enquadram em tentativas de sequestro, já que nenhum ato foi feito para se configurar uma tentativa de estupro de fato, uma vez que numa tentativa de estupro, o homem tenta agarrar as mulheres ou fazem atos obscenos. Já numa tentativa de sequestro, no qual muitos casos são enquadrados, o acusado obriga a mulher a entrar no carro, numa tentativa de saída rápida.

É importante que se tenha responsabilidade na hora de expor algo e torná-lo público, já que não é possível ter o controle do alcance que a postagem terá e as consequências que ela pode trazer para o autor e os que ficam sabendo dos casos pelas redes sociais. Antes de fazer um relato, é necessário ir à delegacia, registrar o acontecimento e, só depois, expor a importância disso nas redes sociais, caso contrário, se a mulher não fizer a denúncia, o fato não deve ter tido tanta importância já que a policia não foi comunicada.

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